quinta-feira, 17 de março de 2011

Contos não Tão bons - N4/4= O Fim

Enquanto estendia o lenço na direção de sua mão, que vinha em minha direção, meu celular tocava, eu recebia uma ligação, olhei na tela para verificar quem era, percebi que não era o momento de atender, teclei para silenciá-lo e continuei o movimento para entregar o lenço, a moça viu meu movimento silenciando o celular, pegou o lenço de minha mão e afastou-se em outra direção.

Virei-me para acompanhar seus passos se afastando, ela ia e nada dizia, nada disse e nada diria, enfim, não sabia nem seu nome. O telefone havia desligado e voltava a tocar, insistentemente, peguei o telefone para atender, distraído, olhando para a tela não via mais a moça, quando voltei o olhar a pracurá-la não a encontrei, ainda havia o celular, a tocar e tocar, minha vida se resumia naquele instante, via-se a mesma dúvida e timidez que não sabia controlar, eu perdia oportunidades, e naquele momento fazia o mesmo, deixava outra oportunidade passar. Mas me perguntava, que oportunidade era aquela? O que eu estava deixando de fazer? Então corri atrás da moça, tentaria achá-la e, se não conseguisse sua atenção, tudo bem, não teria importância, pelo menos não remoeria o que teria deixado passar.

Quando a avistei, novamente, diminui a velocidade mas não parei, continuei em sua direção, com passadas rápidas. Ela se eproximava de um carro, tive a sensação de ter visto aquele mesmo carro naquele dia, estranho, me aproximava, ela percebeu virou em minha direção, assustada certamente, quando eu ia falar ela perguntou: "Algum problema?" respondi prontamente que não, quando tentei argumentar minha situação ela emendou: "Então me dê licença, estou indo buscar minha filha na Vó dela, ela está muito assustada, quase sofremos um acidente..." Foi então que lembrei, que há algumas horas atrás, antes de pegar o ônibus, quase tinha presenciado um acidente, na esquina de casa. "Então, nos vemos por aí" - eu disse e me afastava, ela virou-se, abriu a porta do carro, entrou, e seguiu seu caminho.

Alguns fogos estouravam no ar, meu momento não era de se comemorar, era um momento triste, frustrante; então lembrei do jogo que estava indo assistir, naquele momento devia estar acabando, meu time deveria ter ganho, então corri até a casa de meu pai, em busca da glória perdida.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Contos não Tão bons - N3/4= Chegada

Na chegada já pensava em outras coisas; nem lembrei do caminho que percorria; estava totalmente esquecido dos acontecimentos anteriores devido a viagem sossegada que terminava.

No momento em que me deslocava, após descer do ônibus, até o apartamento do meu pai, visualizei um ponto de táxi há uns vinte metros, em frente a uma agropecuária onde não se lia mais a placa; no ponto de táxi havia uma cobertura metálica que cobria parte de um banco onde se esperava os veículos chegarem.
Naquele lugar, aos domingos depois do almoço, sempre era um lugar tranquilo, sem movimento. Eu e mais dois amigos ficavamos ali, conversando e combinando alguma coisa para fazer, na tarde que chegava. Ouvia-se o som dos pássaros. Quando recordo lembro de um dia ensolarado, sem nuvens, bem iluminado; sinto o ar limpo, calmo, não há mais fumaça de churrasco, há muito silêncio, muitos estão a sestiar após almoçar e a gurizada na rua, tramando travessuras.

Vou me aproximando do prédio do meu pai, penso em comentar pra ele o que fazíamos ali aos domingos; quando ainda moravamos juntos.

Na chegada, uma moça simpática, alta, sorria ao passar por mim, parecia introvertida, pensativa; descuidou-se e deixou cair um lenço que, com o vento, veio em minha direção, nos abaixamos instantaneamente para pegar, cheguei primeiro, ela continuava sorrindo, seu sorriso fez com que esquecesse os bons momentos do passado e passasse, daquele instante em diante, a viver novos bons momentos.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Contos não Tão bons - N2/4= A caminho

No deslocamento à casa de meu pai, fiquei a pensar no caminho que iria percorrer. Estava indo em direção ao ponto de ônibus, onde esperaria até que esse viesse; pensava por onde passaria; as ruas que ficariam para trás; o tempo que levaria; a descida do ônibus quando chegasse na parada mais próxima, de onde meu pai morava; o que encontraria no caminho entre o ponto de ônibus e o prédio. Não havia nada que poderia me perturbar, me atrasar mais para ver o jogo que já havia começado; só esperava não perder de ver mais nenhum gol.

Chegando próximo da parada de ônibus, onde esperaria, ao dobrar uma esquina e desviar de alguns galhos de uma árvore mal podada, percebi que o ônibus se aproximava da parada; era o ônibus que eu deveria pegar para o bairro do meu pai; eu estava há alguns metros, senti que deveria correr, caso o contrário o ônibus passaria pelo ponto e, se ninguém o atacasse, seguiria sem parar e quando passasse por mim, e viésse a atacá-lo, distante do ponto de ônibus, como em outras vezes, eu o perderia e perderia praticamente todo o primeiro tempo do jogo. Então corri...

Enquanto corria, na esquina que havia acabado de dobrar há alguns instantes atrás, um carro ultrapassava o sinal vermelho, aquele cruzamento era bem movimentado; cruzavam-se duas avenidas principais da cidade, era um local de muitos acidentes; no ar ouviu-se duas buzinas diferenes, sons de freadas e derrapagem de pneus; corria olhando para trás, o ônibus se aproximava da parada, eu ainda estava distante, olhava para frente e para trás, e corria; pulava alguns buracos na calçada; agora olhava para frente, para baixo e para trás; os carros no cruzamento não se chocaram, desviaram e afastaram-se um do outro, notei que um dos carros parou próximo à calçada logo adiante da esquina, o outro carro seguiu rapidamente afastando-se dali; e eu, agora, esticava o braço para o ônibus parar, quando ele estava passando pela parada; como eu pressentia, ninguém atacou o ônibus; eu estava há uns dez metros, o motorista me viu, viu meu braço esticado, ele olhava para frente, para a esquina, por pouco não se distraiu com o quase acidente não observando que eu me aproximava, por sorte ele me viu e parou o ônibus, meu coração estava acelerado, não via o momento de poder achar um banco no ônibus e me sentar.

Já bem acomodado, olhando para o movimento das ruas enquanto o ônibus se deslocava, passei pelo carro do quase acidente, que havia estacionado logo adiante, consegui perceber que era uma mulher que estava na direção, olhava assustada para o banco de trás e conversava e gesticulava, não consegui identificar com quem, o ônibus seguia em frente e não via a hora de chegar.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Contos não Tão bons - N1/4= Saída

Decidido que iria; caminhei até a porta, estiquei o braço aproximando a minha mão da chave na porta; girei em sentido horário, eu queria destrancar mas estava trancando, dando a segunda volta. Refleti por um tempo essa situação, poderia ser um sinal para que não saísse neste momento, mas também refleti que poderia ser o momento, que faria com que me atrasasse mudando o meu destino (meu pensamento positivista concluiu) para melhor.

Lembrei que havia esquecido o celular, quando dei a primeira volta na chave em sentido anti-horário; toquei o bolso da calça para ter certeza, e tinha; deixei a chave na porta e me afastei desta para pegar o telefone, caminhei automático até a cômoda da sala, ao lado do portarretrato, mas não estava lá... em um instante ouvi sons, que pareciam ser tiros, vindos da rua, lembrei que poderia estar lá se não fosse a fechadura, que fez eu lembrar do celular, meu coração acelerou, no mesmo instante meu celular tocou, era meu pai comemorando o primeiro gol, do nosso time, ouvi mais estouros, eram fogos de artifício (concluí), e com o telefone posicinado, respondi ao meu "velho": Já estou indo aí!