domingo, 27 de fevereiro de 2011

Contos não Tão bons - N2/4= A caminho

No deslocamento à casa de meu pai, fiquei a pensar no caminho que iria percorrer. Estava indo em direção ao ponto de ônibus, onde esperaria até que esse viesse; pensava por onde passaria; as ruas que ficariam para trás; o tempo que levaria; a descida do ônibus quando chegasse na parada mais próxima, de onde meu pai morava; o que encontraria no caminho entre o ponto de ônibus e o prédio. Não havia nada que poderia me perturbar, me atrasar mais para ver o jogo que já havia começado; só esperava não perder de ver mais nenhum gol.

Chegando próximo da parada de ônibus, onde esperaria, ao dobrar uma esquina e desviar de alguns galhos de uma árvore mal podada, percebi que o ônibus se aproximava da parada; era o ônibus que eu deveria pegar para o bairro do meu pai; eu estava há alguns metros, senti que deveria correr, caso o contrário o ônibus passaria pelo ponto e, se ninguém o atacasse, seguiria sem parar e quando passasse por mim, e viésse a atacá-lo, distante do ponto de ônibus, como em outras vezes, eu o perderia e perderia praticamente todo o primeiro tempo do jogo. Então corri...

Enquanto corria, na esquina que havia acabado de dobrar há alguns instantes atrás, um carro ultrapassava o sinal vermelho, aquele cruzamento era bem movimentado; cruzavam-se duas avenidas principais da cidade, era um local de muitos acidentes; no ar ouviu-se duas buzinas diferenes, sons de freadas e derrapagem de pneus; corria olhando para trás, o ônibus se aproximava da parada, eu ainda estava distante, olhava para frente e para trás, e corria; pulava alguns buracos na calçada; agora olhava para frente, para baixo e para trás; os carros no cruzamento não se chocaram, desviaram e afastaram-se um do outro, notei que um dos carros parou próximo à calçada logo adiante da esquina, o outro carro seguiu rapidamente afastando-se dali; e eu, agora, esticava o braço para o ônibus parar, quando ele estava passando pela parada; como eu pressentia, ninguém atacou o ônibus; eu estava há uns dez metros, o motorista me viu, viu meu braço esticado, ele olhava para frente, para a esquina, por pouco não se distraiu com o quase acidente não observando que eu me aproximava, por sorte ele me viu e parou o ônibus, meu coração estava acelerado, não via o momento de poder achar um banco no ônibus e me sentar.

Já bem acomodado, olhando para o movimento das ruas enquanto o ônibus se deslocava, passei pelo carro do quase acidente, que havia estacionado logo adiante, consegui perceber que era uma mulher que estava na direção, olhava assustada para o banco de trás e conversava e gesticulava, não consegui identificar com quem, o ônibus seguia em frente e não via a hora de chegar.

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