Caminhou concentrado até seu posto, passou ao lado dos taxistas que fizeram como se não o conhecessem - era algo combinado de outros tempos - e acomodou-se, escorando o corpo em uma árvore. Estava ao lado do seu carro, que não tinha identificação alguma com a polícia, sentiu-se como um detetive daqueles filmes.
Pegou o fone de ouvido e colocou na orelha direita, deixou o rádio desligado, era apenas mais um disfarce. No painel do carro viu uma luz verde, deu três passos largos e abriu a porta do carona, entrou e pegou o rádio da polícia, novamente estava sintonizada com a central, a comunicação estava refeita, fez contato, recebeu retorno e a notícia de que a perseguição estava aproximando-se de sua cidade.
Sentou em frente à direção do carro e ao colocar a chave na ignição ouviu o barulho do celular a tocar, levou um susto, a tensão aumentava, pegou o celular na mão e antes de jogá-lo longe, jogou fora a raiva. Viu no visor o nome “Meu amor” e atendeu com tanta ansiedade quantas já havia ultrapassado...
- Oi? - ela disse, perguntando.
- Oi! - ele respondeu, dizendo.
O silêncio perdurou. Ninguém sentia vontade de se desculpar, todos falavam e criticavam o orgulho, mas naquela hora ninguém se lembrava das críticas.
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