quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Contos rápidos das Quatro Estações: "Estação São Leopoldo".



Estação São Leopoldo - Parte 2

Caminhou até a sombra de uma árvore para continuar seu trabalho, ficar disfarçado esperando o momento certo de agir, depois de apenas fazer de conta que havia almoçado. Na verdade estava leve e energizado e não pesado e cansado, sentia-se uma coisa e apresentava outra. Usava óculos escuros e boné para que nenhum conhecido resolvesse parar para trovar fiado.

Antes do meio-dia daquele dia, ouviu pelo rádio do carro que havia estourado um assalto, que os bandidos estavam em um carro roubado e que policiais estavam próximos em uma perseguição na cidade vizinha e que era para, todos os policiais, das vias principais de entrada da sua cidade, ficassem de prontidão. Ele era um dos policiais que ficavam próximos de uma das entradas do município.

O rádio do carro ficou mudo, não perdeu tempo, foi a um restaurante de um conhecido seu, pediu que fechasse as portas e só abrisse cinco minutos mais tarde, depois que ele entrasse no banheiro, o ambiente estava praticamente vazio, só havia um cliente, no balcão, comprando cigarros.

O cliente saiu, as portas foram fechadas, alguns taxistas observavam de longe, uns acharam estranho, mas o conheciam e agiram com naturalidade.

Cinco minutos depois as portas eram abertas, a placa que mostrava o cardápio do dia no restaurante era reposta no lado de fora, depois de mais cinco minutos saía um homem alto, de boné e óculos escuros, era o policial disfarçado, os taxistas sabiam e o cliente que havia saído com o maço de cigarros sabia também, era o policial, sem a farda, com roupas comuns, como se tivesse acabado de almoçar. O homem com os cigarros viu o policial entrar e sair, mas o policial, depois de entrar e não dar importância para o comprador de cigarros, além de não prestar atenção pela tensão em que se encontrava, pelo dia anterior, pelo vaso quebrado, pelas flores de plástico, pela delinqüência desacorçoada, quase esbarrou em uma mulher que passava em frente ao restaurante, carregando uma sacola de bichos de pelúcia.

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