quinta-feira, 4 de março de 2010

Contos rápidos das Quatro Estações: "Estação Outono".

Estação Outono - Parte 1

Um anjo, sim, um anjo observava seus movimentos.

O anjo que sentira uma energia pedindo proteção, seguiu o sentimento e se deparou em uma rodoviária, de uma cidade pequena e desconhecida, para, primeiramente, observar os passos e assim poder diagnosticar o que acontecia com ele.

Antes de achá-lo, o anjo ficou parado, em uma das portas da rodoviária, sabia que em pouco tempo ele passaria por ali, enquanto isso, ficou analisando outras pessoas, a confusão de sentimentos lhe atordoou, a ponto de sentir fluir a necessidade de auxiliar todos que por ali passavam, e essa necessidade passava e o acomodava, somente quando passavam, por ele, jovens que iriam se despedir na plataforma. Jovens eram diferentes.

Eis que um brilho ofuscou a sua visão, vinha de longe, era um brilho fosco demasiado, precisando de brilho. Esse brilho estava atravessando a rua em frente à rodoviária, vindo em sua direção, em direção à porta, se aproximava vagarosamente. Tinha momentos que o brilho fosco e fraco se apagava completamente, mas a chama da vida o expandia quando não se tinha mais esperança. Para o anjo, aquele resquício de brilho vinha somente do pulsar do coração do homem a quem esperava.

Ao lado direito, de quem entra na porta de acesso à rodoviária, há um telefone público (orelhão). Antes de entrar, o homem foi até lá e tirou o fone do gancho. Nesse momento o anjo pode perceber o brilho amarelado mais de perto, e também analisar as características dele, que usava uma roupa muito gasta, calça e camiseta, uma mochila infantil nas costas, sapato não tinha, usava um par de chinelo, o cabelo era mal cortado, quase na raiz, o que deixavam algumas cicatrizes a mostra. Sobre sua cabeça, alguns espíritos alimentavam-se dos fluídos alcoólicos que emanavam.

Era um homem honesto, cerca de quarenta e cinco anos, com aparência de uns setenta, mas que não tinha condições de trabalhar e viver, devido a sua dependência com a bebida.

Após digitar, pela terceira vez, alguns números do telefone com dificuldade, ficou segurando o fone próximo ao ouvido, o anjo ouvia a chamada completada e o som da chamada, que após tocar oito vezes caiu na caixa de mensagem. Do rosto do homem escorreu uma lágrima, fraca e única, que não teve força para escorrer por todo seu rosto, sentia uma tristeza que doía seu peito, pensou por um momento e pôs o fone no gancho. Sem erguer o rosto entrou na rodoviária, deixando pra trás uma noite morna de Outono.

Um comentário:

Unknown disse...

vou postar no face? posso?
já postei.
bjão!